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Pâm Cristina

Entre 2008 e o final de 2021 a Marvel vai chegar ao total de 23 filmes e 11 séries.


Quando a Disney anunciou a própria plataforma de streaming prometendo uma enorme variedade de conteúdos e produções originais, era mais do que claro que as produções de Kevin Feige logo se tornassem o carro chefe da plataforma.


O primeiro programa da fase nova, foi WandaVision, e eu posso dizer que foi a forma perfeita de mostrar que ainda existe muito a ser explorado no universo cinematográfico da Marvel (MCU).


Foto: Disney Plus / Reprodução
Foto: Disney Plus / Reprodução

Logo nos primeiros episódios a série já mostra que não se tornaria comparável com nada visto antes no MCU. O formato sitcom em preto e branco, precisou mostrar que faria sentido, e em pouco tempo revelou entre as cenas de risos e de tensão, que era completamente capaz de prender a atenção mesmo dos fãs mais distantes.


Do preto e branco ao technicolor, e das cores ao formato dolby digital, os episódios transitam entre os anos 30 aos dias atuais. A qualidade da filmografia é indiscutível, desde os mínimos detalhes do cenário, do cabelo e maquiagem até o vestuário. Mais de dez séries foram homenageadas no decorrer dos episódios, entre elas The Dick Van Dyle Show, A feiticeira, Jennie é um gênio, Três é Demais e Modern Family. Um ponto de destaque foram as aberturas criadas para cada episódio, e as músicas foram todas escritas por Kristen Anderson Lopez e Robert Lopez (casal responsável pelas trilhas sonoras de Frozen e Viva).


Foto: Disney Plus / Reprodução
Foto: Disney Plus / Reprodução

Muito disso se deve ao formato escolhido para a filmagem, e aqui aproveito para indicar a série Avante, com bastidores das gravações. Para cada época retratada, os produtores e diretores optaram por usar de fato os equipamentos e a tecnologia que existia na época. As séries tinham plateia? “Vamos usar uma”. Os efeitos eram feitos com fios de nylon “vamos ter fios de nylon do cenário todo”. Algo muito curioso foram os comerciais; sim você ouviu certo- comerciais de tv vendendo produtos fictícios que faziam alusão a assuntos do MCU (uma torradeira das indústrias Stark, cujo apito lembra uma bomba, sabonete da Hydra Soak, cuja cor lembrava o tesseract, entre outros).


Foto: Disney Plus / Reprodução
Foto: Disney Plus / Reprodução

O que não se pode negar é que as atuações são o ponto alto da série, dos protagonistas aos coadjuvantes todos entregam o seu melhor em cena. Que Paul Betany tem uma capacidade espetacular em cena, não há o que falar, (conhecemos ele no MCU como a voz do Jarvis, vemos ele adquirir corpo, e até desenvolver sentimentos) e vê-lo em cena entregando todos os sentimentos que poderíamos imaginar é uma sensação indescritível. Kathryn Hahn como Agatha, eu nem sei explicar o que sentia, ela já fez comédia pastelão e drama, mas seus sutis olhares e a ironia disfarçada em todas as frases, são maravilhosas de assistir. Teyonah Parris, Randall Park, Kat Dennings e Evan Peters, vão de coadjuvantes a estrelas cada um à sua maneira, seja pelo seu papel que se modifica ou pelo peso de suas falas nos episódios. Elizabeth Olsen, se nos cinemas ela não teve o tempo de tela para mostrar a que veio, agora em nove episódios ela mostra a incrível atriz que é. Consegue ir do humor ao drama em um piscar de olhos, mesmo nos momentos de riso, seu olhar consegue mostrar a dor que a personagem sente. Para quem no início foi chamada de a irmã das gêmeas Olsen, ela deixa claro que é muito mais do que isso, e trilha seu próprio caminho na indústria.


Foto: Disney Plus / Reprodução
Foto: Disney Plus / Reprodução

A dupla de diretores Scheffer e Shakman ao invés de começar a série unindo todos os arcos aos filmes anteriores, espera até o último momento para que as explicações aconteçam de forma natural e orgânica em tela. A dupla não faz de Wanda uma mulher louca, eles vão colocando em cartas abertas seus traumas de maneira que de alguma forma seus atos sejam justificáveis e não apenas surtos.


A série explora todos os estágios do luto (negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação) sem cair no melodrama. Todas as pontas são amarradas no final e seus personagens principais ficam em aberto para serem revisitados, inclusive deixando indícios do multiverso, dos mutantes e de mephisto.




Informações da série:


Nº de temporadas: 1

Total de episódios: 9

Primeiro episódio: 15/01/2021

Último episódio: 05/03/2021

Rotten Tomatoes: 91%

IMDB: 8,1/10

Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Debra Jo Rupp, Fred Melamed, Kathryn Hahn, Teyonah Parris, Randall Park, Kat Dennings, Evan Peters


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Pâm Cristina

Não posso negar que sou fã de carteirinha de comédias românticas. Sei que é um dos gêneros mais comuns no cinema, e muitas vezes tenho a sensação de que já vi de tudo.


Pelas lentes de incríveis diretores e de atores que muitas vezes marcaram suas carreias com esse gênero cinematográfico, diversos clássicos entraram para o imaginário coletivo. Um bom exemplo é a trama de looping temporal que já vimos em diversos filmes, mas que foi imortalizado na interpretação de Bill Murray em “Feitiço do tempo”.

Foto: Divulgação/ Hulu
Foto: Divulgação/ Hulu

Sua atuação impecável fez desse longa um grande guia sobre o tema, sendo seguido inclusive por séries em alguns episódios, como é o exemplo da série Sobrenatural em que um episódio inteiro é marcado pelo looping (quem é fã como eu, sempre vai lembrar da música Heat of Moment, afinal Rise and Shine Sam!).


Quando o assunto é loop temporal, duas vertentes podem ser usadas como explicação. Uma é o lado mágico, no qual o personagem foi inserido ali como um castigo, e ficará naquele limbo até entender o que ele precisa melhorar. Outra é o lado científico, como o tempo funciona e, como posso usar isso para sair do looping. E é aqui que o primeiro acerto do longa, Palm Springs usa esses dois recursos ao mesmo tempo.

Foto: Reprodução/ Hulu
Foto: Reprodução/ Hulu

O filme se liberta da ideia de redenção e de cara abraça o lema: “eu posso fazer qualquer coisa que eu vou sair ileso”. É muito comum em filmes desse gênero, cair na mesmice e apresentar cenas que já vimos (tentativas de sair do looping), e nesse sentido, Palm Springs faz o segundo strike. Sarah pensa em diversas formas de sair dali, e em uma cena rápida Nyles descarta todas elas dizendo que já tentou de tudo.


Esse diálogo inclusive é um indício de que o filme seguirá por um caminho diferente de novo, uma vez que, além de não vermos mais cenas iguais aos outros filmes, ainda descobrimos que embora os dois estejam no looping eles não entraram juntos nessa.

Como podemos ver na cena inicial Nyles (Andy Samberg) está entediando em uma festa de casamento quando conhece Sarah (Cristin Milioti) a irmã da noiva, e juntos tem uma noite de diversão. Ao final da noite, Sarah segue Nyles até uma caverna, e ao ver uma grande luz vai em direção a ela.

Foto: Divulgação/ Hulu
Foto: Divulgação/ Hulu

O problema é que Nyles já estava preso no looping a tanto tempo que chegou a perder a noção do que acontece ao seu redor. Ele conhece cada segundo e cada história daquela noite. Já fez de tudo, e mesmo as coisas mais inusitadas lhe parecem monótonas.


O longa equilibra perfeitamente a dosagem de humor e tristeza. As cenas em que os personagens abraçam o leque de opções do que eles podem fazer, e o domínio do tom sarcástico em suas falas rendem boas risadas. Mas com o passar dos dias, a incapacidade de sair dali e os diálogos mais fortes (em que os personagens mostram suas fragilidades e seus erros) é onde os atores conseguem trazer lágrimas aos olhos.

Foto: Reprodução/ Hulu
Foto: Reprodução/ Hulu

O filme é divertido e pode ser visto como uma boa comédia romântica agridoce, mas, é em suas camadas mais profundas, que a mensagem se esconde. Palm Springs é em geral um filme que fala sobre amor.


Quando Nyles fala que amores sempre acabam com o esgotamento de um parceiro com o outro, é possível sentir a dor que aquela frase traz a ele, e ao tempo Sarah já tão desiludida no passado, nem acredita que ele possa existir. O que eles passam a sentir um pelo outro é dito e entendido em diferentes momentos, o que muitas vezes também acontece na vida real.


Mas talvez a melhor mensagem seja a de que tudo na vida é uma escolha, inclusive o amor. Nyles não levou Sarah para o loop, ela entrou por escolha própria. O tempo que passaram juntos foi uma escolha deles (o que entendemos já no final do filme em uma participação especial de J. K. Simmons). E seguir a Sarah sem saber se eles conseguiriam sair dali ou não, foi uma escolha de Nyles em ficar com ela.

Foto: Reprodução/ Hulu
Foto: Reprodução/ Hulu

Palm Springs é uma das melhores comédias do ano, o que muito se deve a nova abordagem de um gênero já visto como saturado. Mas o destaque são as belíssimas atuações de Andy Samberg (Brooklyn Nine Nine) e Cristin Milioti (How I Met Your Mother) que sabem fazer com maestria a transição entre cenas nonsense repletas de piadas e diálogos sensíveis, mostrando uma enorme vulnerabilidade a tristeza.



Palm Springs (2020)

Classificação: 14 anos

Duração: 1h30min

Gênero: Comédia/Ficção científica

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Pâm Cristina

É um filme sem ser um filme. A mundialmente conhecida peça da Broadway ganha uma filmagem diferente e chega às plataformas de streaming pela Disney plus. O enredo conta a vida de Alexander Hamilton, um dos pais criadores da América (que muitas vezes é ofuscado nos livros de história), e que ao lado de nomes como Marquês de La Fayette, George Washington, Hercules Mulligan e Aaron Burr, lutou e triunfou contra a soberania inglesa, se tornando secretário do Tesouro. Sua ambição, foco e determinação se misturavam a deslizes cometidos que quase lhe custaram tudo o que conquistara.

Foto: Reprodução/ Disney +
Foto: Reprodução/ Disney +

Se existe alguém que é capaz de fazer de tudo esse alguém é Lin-Manuel Miranda. Criador, produtor, compositor, e ator protagonista, ele busca com Hamilton contar a história dos EUA da época, através dos EUA atual. E isso fica evidente em cada etapa, como por exemplo, a escalação de atores negros e imigrantes para papéis de homens conhecidamente brancos na história, e a escolha de gênero musical que deu voz a ritmos raramente vistos em grandes palcos da Broadway (o canto clássico dá espaço ao Hip Hop, R&B e Soul).


Lin-Manuel demonstra toda sua capacidade teatral ao dar vida ao personagem central da trama. Logo no início, em uma sequência de músicas (de mais de dez minutos), My Shot, é cantada por ele a plenos pulmões e define quem Hamilton é, um homem que aproveitará todas as chances que lhe aparecerem para deixar sua marca na história.

Foto: Reprodução/ Disney +
Foto: Reprodução/ Disney +

Daveed Diggs e Okieriete Onaodowan interpretam dois personagens em momentos diferentes da trama, e mostram que podem criar trejeitos, sotaques e alcance vocais diferentes, sendo suas performances, um dos pontos altos da narrativa. Christopher Jackson emociona ao interpretar George Washington em cenas repletas de ensinamentos e conselhos.


O antagonista, nosso vilão, já é anunciado na primeira cena. Aaron Burr, é o oposto de Hamilton, tendo seu lema cantado na música Wait for it (cuja letra diz que a pessoa tiver cautela e paciência, um dia alcançará o que desejar). Ele se vê, sendo posto de lado em diversos momentos por Alexander o que aumenta sua inveja e raiva. Interpretado de maneira magistral por Leslie Odom Jr. nos emociona. Nós entendemos suas dores, e ao mesmo tempo sentimos raiva por saber o que ele fará no futuro.

Foto: Reprodução/ Disney +
Foto: Reprodução/ Disney +

O alívio cômico está presente nos dois atos na voz de Jonathan Groff, no papel de Rei George III. O tom sarcástico na voz, os olhos que não piscam, e os trejeitos são todos feitos com maestria por Jonathan. Usando sotaque britânico ele canta de forma clássica (único personagem que faz isso) sobre o que o Rei pensava a respeito dos americanos, e como ele mandava em todos. Inclusive é com ele que acontecem as interações com a plateia quando, ao cantar o refrão da música You'll Be Back ele pede para que todos cantem e é acompanhado em coro. A letra com notas repetitivas fica na cabeça mesmo depois que o filme termina, e eu mesma me peguei cantando por horas o “Dararara tá”, como se fosse um de seus súditos.

Foto: Reprodução/ Disney +
Foto: Reprodução/ Disney +

Outro ponto que me chamou a atenção foi o espaço dado às mulheres na história. Com grandes números musicais independentes, as atrizes Renee Elise Goldsberry e Phillipa Soo que respectivamente dão vida a Angelica e Eliza Schuyler, tem histórias marcantes para contar. Angelica sendo a filha mais velha e sabendo de suas responsabilidades, abre mão de sua felicidade pela irmã mais nova, que por sua vez passa grande parte da história sendo o apoio do marido mas nunca o oposto, e no final tem o poder de ser a pessoa que contará as histórias, inclusive é sua voz que encerra a trama.


Hamilton é sem sombra de dúvidas uma obra prima, que merece de fato ser considerado um fenômeno cultural. A diversidade, o jogo de luzes, o cenário em movimento, as vozes e os dançarinos, faz com que as 2h30 de filme passem sem que se perceba.



Hamilton (2020)

Classificação: 13 anos

Duração: 2h40min

Gênero: Musical/ Drama

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